sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quais são os paradigmas atuais acerca dos projetos pedagógicos?

Breve contextualização sobre a Pedagogia de Projetos


A Pedagogia de Projetos surgiu no início do século XX nos Estados Unidos, tendo como principais idealizadores Jonh Dewey e William Kilpatrick , apesar de outros nomes europeus também estarem ligados à estes, como por exemplo, Montessori, Decroly, Claparède e Ferrière.  Contudo, Dewey é que é considerado o pai da Pedagogia de Projetos e para ele a criança deveria ir à escola para resolver os problemas presentes e não para pensar em uma escola para o futuro
 Aqui no Brasil essa pedagogia só começou a ser trabalhada na década de 80, embora Lourenço Filho e Anísio Teixeira já tivessem se manifestado com relação à essa pedagogia quando disseminaram na década de 20 o Escolanovismo ou Escola Ativa – teoria essa que se opunha ao método tradicional, ou seja, “a idéia de recepção passiva”, como bem coloca Hernández (1998, p.  67), já que propõe que as crianças  desde cedo “entrem em contato, de uma forma mais  organizada, com a herança da sociedade  na qual vivem, e aprendem da participação em experiências de trabalho e da vida cotidiana” (Torres, 1994,p.20 apud Hernández, 1998, p. 67)
Como já citado acima, a Pedagogia de Projetos só começou a ganhar destaque aqui no Brasil na década de 80, ou seja, no período em que a teoria Construtivista estava no auge e em que muito se pensava na forma de entender o ensino e a aprendizagem, período também em que o cenário político estava tomando “novos rumos”
 Contudo, esses projetos eram voltados para uma única disciplina, somente na década de 90 foi que começou a se trabalhar com os projetos de forma interdisciplinar. Ou seja, somente nessa década foi que se percebeu que os conteúdos não poderiam ser trabalhados de forma fragmentada.
Nesta década também foi promulgada a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- Lei 9394/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais- Pcns, que além de “nortearem a ação pedagógica através das referências e dos parâmetros básicos, esse conjunto de leis permite ao educador grande autonomia de ação, capaz de levar em conta, antes de tudo, as realidades de cada aluno, de sua escola e de sua região”
Percebe-se que esses documentos só vierem respaldar ainda mais a Pedagogia de Projetos, bem como garantir total liberdade ao professores para inovar e fazer a diferença. Pelo menos, é isso que a lei afirma! Agora se isso na prática é cumprido e vivido, aí já é outra coisa.
Penso que na contemporaneidade, a teoria que mais casa com os projetos educacionais seja a teoria Holística, justamente por esta ter como principal objetivo trabalhar o ser humano na sua totalidade, ou melhor, trabalhar o lado cognitivo, afetivo, social e emocional, já que está entende que o homem é razão, mas também é emoção.
“esse paradigma sustenta o princípio do saber do conhecimento em relação ao ser humano, valorizando a sua iniciatividade, criatividade, detalhe, complementaridade, convergência, complexidade. Segundo alguns autores teóricos, o ponto de encontro de seus estudos sobre este paradigma emergente é a busca da visão da totalidade, o enfoque da aprendizagem e a produção do conhecimento”. (Morin, Edgar, 2000)
Também penso que essa teoria consegue agregar em si as demais, já que consigo perceber nesta a teoria da pedagogia Sócio-histórica de Vygotsky, visto que existe a preocupação com as relações sociais, fator considerado por Vygotsky essencial para a construção do conhecimento.
E se o teoria tradicional preocupava-se com conteúdos, também percebe-se o trabalhar destes, a diferença é que tudo acontece de forma entrelaçada, ou seja, o conhecimento é tecido em forma de rede.
Depois de 100 anos de Pedagogia de Projetos podemos dizer que somente agora é que de fato está se falando em projetos, embora ainda de forma acanhada. Fico com uma pergunta que não quer calar: Será que as escolas realmente trabalham com projetos de forma interdisciplinar ou isso ainda é algo utópico?
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática." Paulo Freire

Referências

Hernández, Fernando.
Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho / Fernando Hernández; trad. Jussara Haubert Rodrigues. - Porto Alegre: Artemed, 1998.